O C6 Fest é um festival recente, nasceu em 2023, e veio com o objetivo de ser mais intimista, tendo como principal referência o Free Jazz Festival. Após o sucesso da primeira edição, o evento volta para São Paulo nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2024 para a sua 2ª edição.
Um dos grandes diferenciais do C6 Fest é a sua curadoria musical que mescla jazz, pop e indie rock. Para saber mais sobre, conversamos com o antropólogo, pesquisador musical e roteirista de televisão brasileiro, Hermano Vianna. Ele é autor dos livros “O Mistério do Samba” e “O Mundo Funk Carioca”, além de ser criador dos programas “Esquenta!” e “Central da Periferia”.
Hermano Vianna é um dos curadores do festival, e nesta entrevista ele nos conta um pouco sobre os bastidores das escolhas feitas para o line up desse ano. Confira:
MDF: O que você vê de diferencial entre a curadoria do C6 Fest em relação a outros festivais?
HV: Não sei se todo mundo percebe, mas na arte das peças de divulgação do C6 Fest os nomes de todas as atrações aparecem com o mesmo tamanho de letra e em ordem alfabética. É uma maneira de deixar bem evidente que têm a mesma importância para o evento, sem hierarquia de popularidade, tudo bem misturado. Essa maneira de pensar o mundo da música hoje influencia cada decisão que tomamos na curadoria, desde o início do processo, quando começamos a pensar quem convidar para cada edição. O conjunto é mais importante que suas partes, e a experiência total tem que aliar clássicos e descobertas, propondo também uma grande diversidade de propostas artísticas lado a lado, um show fortalecendo o outro. E nisso, o critério mais importante é a qualidade de cada trabalho. O C6 Fest possibilita um contato mais íntimo do público com quem está no palco, então a música é o centro de tudo.
MDF: Como foi montar esse line up que mescla diferentes nacionalidades, gêneros musicais e artistas que vão tocar pela primeira vez no Brasil?
HV: É tudo bem intencional. Queremos combinações improváveis, surpreendentes. A diversidade reflete o modo como a curadoria se relaciona com a música. A internet facilitou o contato imediato com cenas artísticas do planeta inteiro. Ontem mesmo eu estava escutando uma rádio do Cazaquistão! Apostamos na curiosidade do público. Como denominador comum entre clássicos e descobertas, queremos trazer sempre gente que – não importa quantos anos de carreira – aponta os rumos do nosso futuro sonoro. Várias atrações aceitam nossos convites quando sabem quem mais vai tocar no festival, pois querem ver os outros shows para alimentar sua criatividade. Também queremos proporcionar contato com o mais importante da história da música pop contemporânea. Toda geração brasileira precisa ver Kraftwerk, atração do ano passado, ou Pavement, atração deste ano. E precisa igualmente ter a oportunidade de conhecer ao vivo as novas cenas: por exemplo: Ayra Starr! Acho que é primeira vez que uma grande estrela dos afrobeats, nova música pop africana que já é popular em todos os continentes, se apresenta no Brasil.
MDF: Uma história de bastidores no processo dessa curadoria?
HV: Quando enviamos o convite para a Cat Power, ela tinha feito esse show em homenagem a Bob Dylan só em palcos muito nobres como o Royal Albert Hall e o Carnegie Hall. Não tinha tocado em nenhum festival. Parecia um sonho totalmente impossível, mas sempre gostamos de desafios e resolvemos arriscar. Ajudou bastante que o time do C6 Fest já tem longa história de curadoria e trouxemos a Cat Power para tocar no Brasil pela primeira vez quando ela era ainda bem desconhecida por aqui. Então o convite não foi jogado imediatamente numa lixeira virtual e semanas depois recebemos um sim. Que bom que o público brasileiro vai poder ver esse show de pertinho.
MDF: Qual artista do line up você não quer que as pessoas se arrependam de só ter conhecido depois da passagem pelo C6 Fest?
HV: Acho que todo mundo vai adorar o Cimafunk. Não poderia dar errado a fusão de duas das tradições mais dançantes da música do planeta: o funk da turma de James Brown com vários estilos cubanos. Não precisa nem conhecer os discos: nossos corpos reconhecem cada uma daquelas batidas imediatamente. É festa garantida! Mas não nos incomoda que as fichas caiam depois também: no ano passado trouxemos o Mdou Moctar, tuaregue que é um dos melhores guitarristas do mundo hoje em dia. Na semana passada havia uma matéria consagradora elogiando a importância de sua música no New York Times. Isso acontece sempre e as pessoas podem se gabar: vi antes no C6 Fest!
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Um festival tão intimista que aproxima mais ainda o público dos shows, merece ser tratado como uma festa e, para Hermano Vianna, “a mais bacana e confortável de todas”! Garanta seu ingresso aqui.
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